Chegou a vez do media for equity
Em artigo publicado pelo The News, explicamos porque acreditamos que 2023 seja o ano do media for equity no Brasil. Confira!
"O budget de marketing para esse ano é zero, mas precisamos seguir crescendo. Meu CEO me mandou ser criativo".
Foi com uma frase parecida com essa que o CMO (Chief Marketing Officer) de uma conhecida startup nos recebeu para uma reunião em seu escritório.
Ficamos até meio sem graça, afinal, são poucos os executivos com a coragem de expor com tanta transparência a realidade que estão vivendo.
Mas, com certeza, são muitos os que hoje passam por uma situação semelhante à dele.
A virada do cenário macro, com inflação subindo, juros altos e aumento da aversão a risco pegou muitas startups de calça curta.
Um estudo da gestora Kamaroopin deu números a esse sentimento: US$ 2,4 bilhões — o valor que vai faltar para o financiamento de startups late stage no Brasil.
Como lidar com isso?
Empreendedores estão sendo obrigados a buscar alternativas, o que acaba por impulsionar novos caminhos de financiamento, como por exemplo o media for equity (MFE).
Neste modelo, startups trocam participação societária por acesso à publicidade qualificada.
Literalmente, pagam mídia com equity. A grande vantagem no atual contexto é que ele permite que as empresas mantenham o investimento em marketing e a visibilidade da marca, sem impactar o caixa.
Num momento em que todo mundo pisa no freio, acelerar pode representar uma grande vantagem competitiva — traduzida não só em awareness, mas também em ganho de market share.
E mais: Dado que em muitas startups B2C o investimento em mídia tem relação direta com o faturamento, parar de alocar recursos em publicidade pode ter um efeito devastador no top line.
Seguir investindo e crescendo, por sua vez, pode representar um importante diferencial na próxima rodada de captação.
Isso está funcionando?
O histórico recente mostra modelo tem se pagado. Segundo a pesquisa The State of Global Media for Growth Funding, que analisou mais de 1.500 deals deste tipo, empresas que fazem MFE:
💸 Levantam, em média, três vezes mais dinheiro;
🏃 Têm aceleração 32 vezes maior que as não expostas;
📈 Chegam ao IPO 2 anos e 8 meses mais rápido que empresas investidas apenas por funding tradicional de venture capital.
O avanço do MFE se dá principalmente na Índia e em países europeus, como Alemanha, Inglaterra e Suécia, entre outros.
Vale dizer que o modelo não é exatamente novo. O ineditismo está na nova cara do MFE, turbinada pela creator's economy.
George Clooney, 50 Cent, Ryan Reynolds, Rihanna e Kylie Jenner, numa escala global, e Anitta, Caio Castro e Virgínia, numa perspectiva local, são exemplos desta nova roupagem.
Ao entenderem seu potencial de negócio, os creators não querem se limitar a fazer publi.
Agora, querem ser sócios de startups e até lançar suas próprias marcas, emprestando sua credibilidade, influenciando a decisão de consumo e ampliando o alcance das mensagens com suas redes de milhões de seguidores.
No Brasil, o crescimento do MFE também é notório. Diversos fundos regionais, vinculados a grupos de comunicação, já fazem deals deste tipo, com destaque para RBS Ventures (RS), Nexpon (SC), EPTV (SP) e Quintal Ventures (PR).
A inspiração, claro, é a Globo Ventures, que vem ampliando sua atuação nos últimos anos e agora faz um misto de investimento em mídia e cash.
O último deal público do fundo foi junto à PetLove, numa rodada em que a startup levantou R$ 750 milhões em um aporte liderado pela Riverwood.
Recentemente, a Globo Ventures ainda se uniu ao Supera Capital, com objetivo de ter acesso a um deal flow de empresas em estágio inicial.
Um segundo tipo de fundos, capitaneados pela 4equity - Media Ventures, são os chamados independentes.
Por não estarem vinculados a nenhum grupo de mídia, este modelo atua quase como um marketplace, intermediando a relação entre startups e todo o tipo de mídia, sem restrição de inventário ou região.
A inspiração vem do German Media Pool, fundo independente da Alemanha, com:
💳 40 investimentos;
🚪 21 saídas;
🦄 Quatro unicórnios;
💰 Três IPOs.
Ninguém sabe ao certo quanto tempo irá durar essa crise, mas temos certeza de que o mercado de VC como um todo amadurece à medida que novas alternativas de financiamento se consolidam.
Caberá a cada empreendedor escolher qual caminho faz mais sentido para sua jornada.
Renato Mendes e Felipe Hatab são co-fundadores da 4Equity - Media Ventures
Link para o artigo -
https://the-bizness.beehiiv.com/p/2023-e-o-ano-do-media-for-equity